Maternidade real : Quando me tornei mãe, não houve aquelas lágrimas emocionadas de alegria ao ver minha filha pela primeira vez. Na verdade, eu me senti um pouco perdida, sem aquele amor arrebatador que imaginava que sentiria. A cobrança interna foi grande, como se algo estivesse errado comigo. Só depois de muito tempo, eu entendi que o amor materno é uma construção diária. Cada olhar, cada sorriso, cada dia vivido ao lado da minha filha me fez entender que não somos todas iguais, e tudo bem. A maternidade é uma experiência única e transformadora, mas vamos combinar: a realidade é bem diferente do que muitas vezes nos fazem acreditar.
Aqui, vamos conversar sobre o que realmente significa ser mãe, sem filtros e sem as ilusões que a sociedade tenta nos impor. Vamos falar sobre os desafios, os altos e baixos e, claro, os momentos maravilhosos que fazem tudo valer a pena.
Expectativa x Realidade: O Que Ninguém Te Conta Sobre Ser Mãe
A Maternidade Idealizada
Qual é a imagem de uma maternidade perfeita para você? Para mim era: bebês sorridentes, casas sempre organizadas, mães radiantes que fazem tudo com um sorriso no rosto. Mas, e a realidade? A verdade é que, ao se tornar mãe, a gente se depara com o cansaço profundo, a sobrecarga emocional e, muitas vezes, o medo de não estar fazendo tudo certo. Eu mesma, quando minha filha nasceu, me senti completamente confusa. Eu esperava um amor avassalador, uma conexão instantânea, mas não foi bem assim.
O Puerpério: O Período de Transformação
O puerpério, esse período pós-parto, é uma fase cheia de mudanças, não só físicas, mas também emocionais. É nesse momento que muitas de nós sentimos que estamos nos perdendo. E sabe o que eu percebi? Isso é normal. Não existe uma fórmula mágica para o amor materno, e cada mãe vive o puerpério de uma forma única. A psicóloga Laura Gutman, no seu livro “A Maternidade e o Encontro com a Própria Sombra”, descreve o puerpério como um período de profundo encontro com nossa própria essência. Não é à toa que muitas mulheres enfrentam inseguranças e até sentimentos de culpa por não sentirem aquele “amor à primeira vista”. Isso aconteceu comigo, e é muito mais comum do que a gente imagina.
Em um estudo da Psicologia USP, várias mulheres relataram esse sentimento de culpa. Uma delas disse:
“Foi uma relação minha com o Antônio que a gente foi construindo dia após dia, se conhecendo… e o meu amor foi crescendo aí. Não tive aquele amor à primeira vista, senti uma culpa muito grande por isso.”
E sabe o que eu aprendi? Não há certo ou errado. O amor vai se construindo aos poucos, e está tudo bem.
O Luto pela Identidade Anterior
O puerpério não é só sobre o bebê, mas sobre nós mesmas. A chegada de um filho traz muitas mudanças e, em muitos casos, sentimos um luto pela identidade que tínhamos antes. Eu mesma, depois da chegada da minha filha, me vi distante de quem era antes da maternidade. Sentir que você se perdeu um pouco não é sinônimo de fracasso, mas sim de adaptação.
Como a mãe e escritora Priscylla Spencer falou:
“O puerpério é um período de encontro consigo mesma, com a nossa sombra. Tirando o amor incondicional que sentimos pelos nossos filhos, talvez o que nos sustenta neste período mais crítico sejam alguns meses de confusão de sentimentos.”
Esse sentimento de “perda” não é negativo, mas uma fase importante de redescoberta. A maternidade vai nos transformando, e isso faz parte do processo.
A Construção do Amor Materno: Um Processo Diário
O Desafio do Amor Instantâneo
Eu me senti pressionada a viver um amor instantâneo, como se fosse uma obrigação sentir aquela emoção arrebatadora ao conhecer minha filha. Mas a verdade é que o amor materno é algo que se constrói, dia após dia. Pode ser difícil aceitar isso no início, mas não estamos sozinhas. Muitas mães, como a que participou do estudo da Psicologia USP, compartilham que, assim como eu, esperavam uma conexão imediata, mas descobriram que o vínculo vai se fortalecendo com o tempo. Ela compartilhou:
“Eu romantizei achando que, ao nascer, minha filha iria vir para o meu colo e eu sentiria aquela borboletinha no estômago. Mas não foi nada disso.”
Eu vivi isso também. A convivência diária, os cuidados, as trocas, vão criando essa conexão. O amor materno é um sentimento que se fortalece com o tempo, e não um instinto imediato.
Superando a Pressão Social
Sabe aquelas expectativas que a sociedade impõe sobre a maternidade? Elas são muitas, e muitas vezes podem fazer a gente se sentir incapaz ou inadequada. A pressão está em todo lugar: nas redes sociais, nas conversas com amigos, nas reuniões de família. A pressão para ser a “mãe perfeita” pode ser esmagadora, mas a realidade é que a perfeição não existe. A maternidade é feita de momentos imperfeitos, e está tudo bem.
A Rede de Apoio: A Chave Para Sobreviver ao Puerpério
O apoio de familiares, amigos e profissionais de saúde é fundamental. E sabe o que eu aprendi? Pedir ajuda não é fraqueza, é força. Eu mesma não teria conseguido sem a minha rede de apoio. Muitas mães, quando estão sozinhas, sentem que não conseguem dar conta de tudo. Em um estudo da Psicologia USP, foi destacado que a falta de uma rede de apoio adequada pode afetar o bem-estar da mãe, gerando sentimentos de fragilidade e dúvidas sobre sua capacidade de amar.
O Lado Bom da Maternidade Real
Mas, é claro, a maternidade também traz momentos incríveis. Aqueles olhares que fazem o coração bater mais forte, os risos compartilhados, os momentos de descoberta. A maternidade é uma jornada de amor, resiliência e força. Mesmo nas dificuldades, há algo mágico que faz tudo valer a pena.
Dicas Para Lidar Com a Maternidade Real
- Aceite ajuda: Não há vergonha em pedir apoio. Mães precisam de apoio para estarem bem.
- Permita-se errar: Ninguém é perfeito, e a maternidade é um aprendizado diário.
- Cuide de sua saúde mental: Mães emocionalmente equilibradas cuidam melhor de si e de seus filhos.
- Conecte-se com outras mães: Compartilhar experiências é uma forma poderosa de se sentir apoiada.
Livros Sobre a Experiência Emocional da Maternidade
A leitura pode ser uma poderosa ferramenta para ajudar as mães a lidar com os aspectos emocionais e psicológicos da maternidade. Esses livros oferecem apoio, reflexão e uma sensação de que não estão sozinhas em sua jornada. Aqui estão algumas sugestões de livros que exploram o lado emocional de se tornar mãe:
- “A Maternidade e o Encontro com a Própria Sombra” – Laura Gutman
Este livro é uma leitura essencial para entender os aspectos psicológicos profundos da maternidade. Laura Gutman aborda a transformação emocional da mulher durante o puerpério e como ela lida com suas sombras internas.
Versão Kindle | Livro Capa comum | Audiolivro
- “Mãe Fora da Caixa” – Thaís Vilarinho
Thaís Vilarinho compartilha sua própria jornada emocional como mãe, desafiando os estereótipos da maternidade idealizada e trazendo uma reflexão profunda sobre o que significa ser mãe nos dias de hoje.
Versão Kindle | Livro Capa comum | Audiolivro
- “Mãe recém-nascida” – Thaís Vilarinho
Algo que é meio livro, meio diário, meio conversa entre amigas. É meio conforto, meio direção para você se conectar com seu instinto e se reconectar com sua identidade.
Versão Kindle | Livro Capa comum | Audiolivro
- “As primeiras quatro estações” – Fernanda Witwytzky
Neste livro, Fernanda relata como ela sentiu e viveu o primeiro ano de vida de seus filhos, compartilha suas angústias e estratégias e mostra como foi sua relação com Deus durante todo esse período – as mudanças e novas responsabilidades e os momentos mais difíceis e cansativos.
Versão Kindle | Livro Capa comum | Audiolivro
- “60 dias de neblina” – Rafaela Carvalho
60 dias de Neblina, um livro sobre você, sobre mim, sobre a mãe que você esbarra na fila do caixa do mercado. Um livro sobre nós, e sobre essa jornada enlouquecedora, incrível que é a maternidade.
Versão Kindle | Livro Capa comum | Audiolivro
Abraçando a Maternidade Real
A maternidade real não é sobre ser perfeita, mas sobre ser autêntica. Reconhecer as dificuldades, os desafios e as emoções que surgem ao longo do caminho ajuda a criar uma experiência mais verdadeira e menos solitária. Se você se sentiu conectada a esse texto, compartilhe com uma amiga mãe e vamos juntas desmistificar a maternidade. Lembre-se: a maternidade real é feita de momentos imperfeitos e, no final, são esses momentos que tornam tudo tão especial.